Lei de Certificação de saúde mental fortalece o tema

Recentemente, entrou em vigor a Lei 14.831/2024, que estabelece o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Este é um marco significativo para o ambiente corporativo, pois reconhece as organizações empenhadas no cuidado de saúde mental dos colaboradores. A lei define diretrizes claras, como a oferta de recursos de apoio psicológico e psiquiátrico para a equipe, a conscientização sobre o tema e o treinamento das lideranças. Em 2022, a OMS destacou o ambiente de trabalho como um lugar privilegiado para promoção da saúde mental, ressaltando que o cuidado com os colaboradores resulta em melhorias no clima organizacional, na produtividade da equipe e na qualidade das entregas. O trabalho exerce um impacto significativo no funcionamento psíquico do trabalhador, podendo gerar prazer ou sofrimento, dependendo da relevância das tarefas, das relações de reconhecimento, valorização (sentido do trabalho), cooperação, confiança e solidariedade com colegas e lideranças. Com a nova certificação, as empresas são incentivadas a repensar sua abordagem em relação à saúde mental e implementar iniciativas para o desenvolvimento de ambientes de trabalho genuinamente saudáveis e sustentáveis. É necessário transformar as organizações por meio do letramento coletivo e do cuidado individualizado e de alta qualidade em saúde mental. As estratégias e ações contribuem também para o empoderamento de equipes e líderes no tema, impulsionando a sustentabilidade emocional e mental no ambiente corporativo. Sendo assim, é preciso adaptar cada solução às necessidades específicas de cada empresa, para impulsionar uma cultura de saúde aliada à performance, com clima mais acolhedor, produtivo e com colaboradores engajados e prontos para os desafios do dia a dia. Para que essas ações sejam eficientes, é preciso inicialmente superar as barreiras do estigma, aumentar o conhecimento e a sensibilização, inclusive para facilitar a busca por tratamento e a identificação precoce do sofrimento emocional. Quando os colaboradores entendem que cuidar da saúde mental é uma prática valorizada pela empresa, sentem-se incentivados a cuidar do próprio bem-estar. De acordo com levantamento da Data Sus, os custos diretos e indiretos com problemas de saúde mental são estimados em 4-6% do PIB Global, o que representa mais do que a carga combinada de câncer, diabetes e doenças respiratórias. Vale ressaltar que, ao promover um ambiente corporativo saudável, o investimento gera um retorno financeiro significativo. Claro, apesar de não ser o principal foco de um programa de saúde mental, é um indicador importante para tornar os projetos mais eficientes, auxiliando no planejamento e ajustes das ações, visando economias a partir da melhora da saúde dos colaboradores (redução de absenteísmo, afastamentos e turnover, assim como aumento da produtividade). Por fim, destaco que, embora a saúde mental seja um tema amplamente discutido, requer atenção e não pode ser tratada de forma simplista. É importante compreender que a certificação será concedida após evidências de resultados efetivos no ambiente corporativo. Sendo assim, é indispensável mensurar estes resultados adequadamente. Por exemplo, ao longo de 12 meses de atuação em uma determinada empresa, 93% dos pacientes relataram uma melhora dos sintomas que os fizeram procurar o apoio em saúde mental. Ainda, ao analisar os casos e tempo de tratamento, pacientes com quadros graves tiveram uma média de 9 consultas psiquiátricas e alcançaram melhora em 4 meses, mostrando (ao contrário do que muitos pensam) que é possível uma melhora de sintomas em um relativo curto espaço de tempo. A mensuração precisa dos resultados é essencial para garantir que as intervenções atendam às necessidades dos colaboradores e promovam um ambiente de trabalho saudável e produtivo. A certificação representa um avanço importante e deve ser encarada com respeito e seriedade. É fundamental manter o bom senso e empatia para compreender as necessidades da empresa, bem como o perfil e a cultura dos colaboradores. Somente assim os projetos farão sentido e trarão bons resultados. Por Dra. Camila Magalhães, psiquiatra. Fonte: RH PRA VOCÊ
Maus hábitos de saúde dos funcionários podem custar caro às empresas

Os resultados de uma empresa dependem de sua parte mais vital: as pessoas. Quando a saúde mental ou física dos funcionários está em risco, a companhia também pode arcar com as consequências. De acordo com um levantamento feito pela healthtech Pipo Saúde com 3.494 colaboradores, em cargos de níveis e áreas variadas, quase 64% dos homens têm problemas com sobrepeso e 45,5% fazem um alto ou excessivo consumo de bebidas alcoólicas. “Isso tem impacto direto no colaborador, que acaba sendo menos produtivo no dia a dia, já que a obesidade e abuso de álcool estão relacionados a distúrbios do sono e doenças crônicas”, afirma Thiago Liguori, Chief Medical Officer da Pipo Saúde. Maus hábitos de saúde são caros para as companhias. As perdas anuais de produtividade relacionadas à saúde custam aos empregadores US$ 530 bilhões (R$ 2,9 trilhões), segundo uma pesquisa publicada na revista científica Journal of Occupational and Environmental Medicine. O objetivo do estudo era testar a hipótese de que empresas que se destacam pelo compromisso com a saúde, segurança e bem-estar de seus funcionários obtêm um desempenho superior no mercado. Os pesquisadores analisaram o desempenho real no mercado de ações de um fundo de investimento composto por empresas de capital aberto selecionadas com base em evidências que demonstram seu comprometimento com uma cultura de saúde. O resultado: o fundo superou o mercado em 2% ao ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido ponderado de 264%, em comparação com o retorno de 243% do S&P 500 em um período de 10 anos. Os custos de problemas de saúde mental também são altos. No Reino Unido, foram 45 bilhões de euros (R$ 253,5 bilhões) no último ano, segundo relatório da Deloitte. Mas o contrário também é verdadeiro: pesquisas mostram que os esforços das empresas para promover uma cultura de saúde e bem-estar valem a pena. Uma força de trabalho saudável gera menos custos com saúde e maior produtividade. Além disso, muitos estudos ligam a saúde e o bem-estar dos funcionários a métricas de negócios. “Empresas que apoiam o bem-estar de seus colaboradores promovem equipes mais felizes e engajadas e, como resultado, observam aumento na produtividade, redução da rotatividade e menores custos de saúde”, diz Priscila Siqueira, líder do Wellhub (antigo Gympass) no Brasil. O impacto da falta de saúde nos profissionais Profissionais que não se cuidam, têm uma vida sedentária, são estressados, dormem e se alimentam mal ou abusam do álcool podem prejudicar o próprio desempenho no trabalho. De acordo com um levantamento da faculdade de medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA, pessoas com transtorno grave de uso de álcool relatam faltar 32 dias de trabalho a cada ano por causa de doença, lesão ou outros motivos, mais do que o dobro do número de dias perdidos por profissionais que não abusam da bebida. O sedentarismo, por sua vez, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, entre outras consequências. “Imagine um colaborador que é peça-chave em um time tendo que se afastar do trabalho, possivelmente por meses, porque teve um infarto ou um AVC”, diz Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental. Com efeitos a longo prazo, os hábitos afetam tanto o profissional quanto a empresa. De acordo com os especialistas, problemas de saúde podem impactar o desempenho no trabalho de diversas maneiras. Confira algumas: Absenteísmo (falta no trabalho)Presenteísmo (vai ao trabalho, mas com baixa produtividade)Maior rotatividadeRisco de acidentes no trabalhoProblemas de relacionamento com colegasComprometimento de metas do timeMenos energiaEstagnação de carreira Líderes nem sempre são bons exemplos Para Arthur Guerra, um dos principais desafios é que as médias e altas lideranças nem sempre são exemplos saudáveis para seus funcionários. “Quando a liderança esconde o problema, existem muitas chances de não dar certo”, diz. Segundo ele, a melhor maneira de ensinar é pelo exemplo. A negligência pode sair cara Empresas que escolhem negligenciar a saúde dos colaboradores podem sair perdendo nos resultados. Além da menor eficiência, as companhias podem ficar identificadas no mercado como lenientes em relação a questões de saúde e saúde mental e, até mesmo, perder talentos. “Os profissionais não vão querer trabalhar nem se identificar com uma empresa que nega problemas com seus funcionários”, explica Guerra. Prevenir é melhor do que remediar A prevenção pode ser a peça-chave para resolver essa situação nas empresas. Seja com benefícios de exercício, terapia e meditação, programas internos de ginástica laboral, workshops sobre alimentação saudável e até campanhas de conscientização, programas de bem-estar e saúde mental podem reduzir custos operacionais e melhorar a performance de funcionários. “Se a organização quer que a sua principal commodity, os recursos humanos, seja o seu maior bem, ela tem, sim, que investir em programas de prevenção”, afirma Arthur Guerra. Uma pesquisa da Wellhub aponta resultados positivos com a implementação de programas de bem-estar, segundo líderes de RH de todo o mundo. 93% afirmam que o custo de seus benefícios de saúde diminuiu como resultado de seu programa de bem-estar;95% observam que os funcionários tiram menos dias de licença médica como resultado de seu programa de bem-estar;93% afirmam que seu programa de bem-estar reduz a rotatividade. Fonte: Forbes
Os benefícios da corrida para a sua saúde mental

Não é preciso ser cientista nem médico para sentir os benefícios da corrida no corpo, na cabeça e na vida. Se você já corre, deve ter sentido uma sensação boa, de quase euforia, e ao mesmo tempo de relaxamento depois de um treino ou de uma prova. Já se sabe há um bom tempo que esse estado, conhecido como o “barato do corredor”, se deve em parte à explosão de endocanabinoides liberados durante o exercício. Endocanabioides são moléculas produzidas pelo corpo semelhantes aos canabinoides encontrados na maconha. Não por acaso nos sentimos felizes, relaxados. Mas o que eu quero falar aqui é sobre os benefícios da corrida para a nossa saúde mental. A primeira delas é bem óbvia, mas muito importante especialmente em grandes centros urbanos, em que existe mais dificuldade de conhecermos pessoas e onde as taxas de solidão são altas: a sociabilidade. Quase sempre, vemos pessoas correndo em grupos, inclusive “batendo um papo” (se o treino for leve, lógico). O esporte possibilita estarmos em contato com desconhecidos que têm algo em comum conosco. Eles rapidamente se tornam companheiros de treino e até amigos. A segunda diz respeito à construção de resiliência mental, algo que pode nos trazer boas repercussões no nosso dia a dia, especialmente para profissionais que passam longas horas fazendo trabalhos repetitivos, horas na frente de telas ou dedicam-se a funções que exigem foco por extensos períodos. A corrida feita de forma consistente não só ajuda a termos menor resposta ao estresse (sinal de resiliência), mostrou um estudo, como contribui para que domemos os demônios que costumam povoar os nossos pensamentos quando estamos fazendo uma atividade monótona. As passadas também nos ajudam a construir disciplina. Como especialista em saúde mental, posso dizer que poucas coisas são tão difíceis como construir e manter uma disciplina, porque esta não é uma competência inata, ou seja, não nascemos com ela. Com os treinos regulares, vamos aprendendo que há dias melhores do que outros, que às vezes nosso desempenho pode ser frustrante, mas que, se queremos seguir em frente, temos de nos manter consistentes. Ninguém corre a sua primeira prova de 5 ou 10 k, ou a sua primeira maratona, sem ter se mantido disciplinado. Assim também é na vida. Por fim, a corrida é uma ótima ferramenta para tratar problemas de saúde mental como depressão, dependências, TDAH, ansiedade, transtorno bipolar e até transtornos alimentares. Algo que vinha usando há mais de 20 anos com meus pacientes de forma empírica, e reunindo ótimos resultados, agora tem ganhado a comprovação da ciência. Nos últimos anos, cada vez mais estudos vêm comprovando isso: correr é um ótimo complemento para as terapias que buscam tratar essas condições, além de trazer a pessoas que convivem com esses transtornos e que muitas vezes são estigmatizadas algo essencial: autoestima e confiança. E você? Que tal calçar um tênis e iniciar neste esporte? Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental. Fonte: Forbes
Por que o quociente emocional é importante no trabalho

Nove em cada dez pessoas desligadas das empresas foram contratadas pelo perfil técnico (quociente de inteligência) e demitidas pelo comportamento (quociente emocional), de acordo com pesquisa da empresa de recrutamento e seleção Page Personnel. É comum que as empresas tenham que lidar com situações relacionadas à saúde mental e comportamental dos colaboradores. Vale destacar que, antes de decidir pela demissão de alguém por desalinhamento das expectativas organizacionais, é prudente avaliar se o colaborador está enfrentando questões de sofrimento emocional que impactam em seu comportamento no trabalho. Isso porque muitas vezes o sofrimento mental passa despercebido, e um colaborador pode ser desligado em decorrência desse impacto, como a queda de produtividade, dificuldade em tomar decisões, estresse, esgotamento, irritabilidade, entre outros. Quer saber mais sobre esse tema? Então, continue lendo esse artigo. Quociente emocional e sua influência em relacionamentos e decisões O quociente emocional (QE) representa a capacidade que um indivíduo tem de identificar, compreender e gerir emoções pessoais e sociais. A habilidade para promover essa regulação de sentimentos influencia a qualidade das nossas decisões e a maneira como lidamos com pessoas e situações desafiadoras. No ambiente corporativo, é indispensável construir uma cultura organizacional que incentive cada membro da equipe a reconhecer o próprio estado emocional e oferecer acolhimento a quem esteja enfrentando situações de sofrimento emocional. Essa iniciativa de letramento em saúde mental é um estímulo ao autocuidado e ao fomento do bem-estar das pessoas ao redor. Dados de pesquisa sobre a saúde mental dos brasileiros No mundo corporativo, falar sobre saúde mental e quociente emocional é uma iniciativa recente e cercada de muitos tabus. Temos percebido que as organizações estão investindo em ações e reflexões que valorizam as habilidades emocionais e comportamentais dos colaboradores, em prol de um ambiente de trabalho mentalmente mais saudável. Quebrar o estigma sobre esse tema é essencial para lidar com os números alarmantes de sofrimento mental que afetam a vida e a carreira de tantas pessoas em nosso país. Veja alguns desses dados: 6 boas práticas para identificar e prevenir questões de saúde mental no ambiente corporativo O trabalho é um ambiente em que as pessoas passam a maior parte do tempo. Dessa forma, torna-se um espaço muito propício para a identificação e prevenção de questões de saúde mental. Nesse sentido, as organizações podem, por exemplo: A saúde mental é uma questão coletiva, que diz respeito a todos dentro da organização. Ao ofertar programas de saúde mental aos colaboradores, é fundamental que as empresas incluam recursos focados para os profissionais de todos os níveis hierárquicos. Cultivar e manter uma cultura organizacional emocional e mentalmente saudável é um desafio. Este é um convite para refletirmos sobre a maneira como as questões de saúde mental são gerenciadas nas empresas e ressaltarmos que estamos à disposição para apoiar a sua instituição e todos os colaboradores nessa jornada. Entre em contato.
O que a Olimpíada de Paris já está nos ensinando sobre saúde mental

Há 4 anos, na Olimpíada de Tóquio, vimos uma das maiores atletas da ginástica artística da atualidade, a americana Simone Biles, tomar a difícil decisão de não continuar na disputa porque queria um tempo só para ela, para cuidar de sua saúde mental. De lá para cá muita coisa parece ter mudado. Temos testemunhado um grande número de profissionais do esporte – inclusive técnicos – vindo a público para falar de suas questões de saúde mental, que vão de depressões e ansiedades mais ou menos graves a síndromes do pânico. Agora, às vésperas do início de mais uma Olimpíada, a de Paris, no próximo dia 26, o Comitê Olímpico anunciou algumas semanas atrás que a vila olímpica vai incluir instalações para as famílias dos atletas. Em Tóquio, familiares, amigos e até patrocinadores estavam proibidos de entrar na vila. Sozinhos com seus demônios mentais, eles não podiam contar com as redes de apoio mais importantes que há no caso de algo não ir bem: a família e os amigos. Ao contrário do que o próprio Comitê pregava, comprovou-se que, por exemplo, separar atletas mães de seus filhos (e eles delas) durante o período de competição não é a melhor solução para a saúde mental, assim como separar esses profissionais de seus pais, mães e parceiros/parceiras. A questão da saúde mental entre atletas não é nenhuma novidade, mas, assim como boa parte de nós faz – inclusive no ambiente corporativo -, o problema sempre foi jogado (me desculpem o trocadilho) para debaixo do tapete. Existia – e ainda existe (porque a questão não foi sanada com essas novas decisões) – estigma em relação ao tema saúde mental. Por que profissionais do esporte, que sofrem tremenda pressão por resultados de seus patrocinadores e deles mesmos, não se sentiriam iguais a um profissional qualquer que se dedicou a vida toda e hoje é pressionado pela empresa na qual trabalha a entregar metas muitas vezes difíceis de serem alcançadas? Por que eles não teriam burnout, ansiedades diversas e depressão, abusariam do álcool como os demais trabalhadores? Observando desde outra perspectiva, assim como os esportistas só chegam a uma Olimpíada se conseguirem o índice para a sua prova, altas lideranças só alcançam a posição porque, digamos assim, também conseguiram demonstrar terem alcançado um índice profissional, de competência e de resultados. Por que elas, ao assumirem o novo cargo, não carregariam o fardo da expectativa da obrigação de serem bem-sucedidas, algo que já se mostrou ser extremamente debilitante tanto quanto é para os atletas olímpicos? Por que estilos de treinamento opressivos, que procuram enquadrar o atleta em regras que muitas vezes se assemelham ao bullying moral e vão minando a saúde mental desses profissionais não são parecidos com os que encontramos em algumas organizações, com o mesmo impacto negativo sobre os colaboradores que ali trabalham? Se é algo que a Olimpíada de Tóquio nos ensinou é os atletas precisam falar mais, dar mais voz ao sofrimento deles, buscar ajuda. Pois só assim as mudanças começam a acontecer, como já estamos vendo em Paris. Por que não deveríamos fazer o mesmo? Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental. Fonte: Forbes
Burnout: por que as pessoas evitam procurar ajuda?

Nos últimos 10 anos, o número de pessoas diagnosticadas com problemas de saúde mental tem alcançado seu nível mais alto. Essa é a declaração de Jon Clifton, CEO da consultoria Gallup, na nota de abertura do tradicional estudo State of The Global Workplace 2024. A saúde mental do colaborador, com destaque ao burnout, tem estado no holofote dos debates corporativos, do governo e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Compreende-se que a prevenção e o cuidado com a saúde mental não se limitam às ações pontuais, é importante uma abordagem que envolva a implementação de uma cultura de trabalho que valorize e priorize o bem-estar emocional e físico de todos os colaboradores. Isso inclui um ambiente de trabalho saudável, em que a comunicação aberta e o apoio mútuo são incentivados, além da oferta de recursos e programas contínuos de saúde mental, possibilitando o equilíbrio entre as demandas profissionais e pessoais, resultando em aumento da satisfação e produtividade. Quer saber mais sobre esse tema? Então não deixe de ler esse artigo. O que é burnout e como diagnosticar Como detalha a Dra. Camila Magalhães, psiquiatra e cofundadora da Caliandra Saúde Mental, o burnout é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas relacionados ao estresse crônico no contexto profissional. Dentre as principais características dessa condição, três se destacam: exaustão emocional extrema, despersonalização e baixa realização pessoal e profissional. O burnout apresenta sintomas significativos de esgotamento mental que impactam o funcionamento cotidiano, podendo resultar em afastamento médico. O reconhecimento e o diagnóstico são essenciais e devem ser realizados por um profissional de saúde mental, que pode realizar uma avaliação clínica minuciosa para confirmar o diagnóstico e, se necessário, recomendar uma licença médica para permitir a recuperação do indivíduo. Síndrome já é reconhecida como condição de saúde ocupacional A urgência da saúde mental no ambiente de trabalho é tamanha que a Organização Mundial de Saúde incluiu a síndrome de burnout na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional. Pela definição da OMS, “burnout é uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”, ressaltando que o termo se refere especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida. Em novembro de 2023, a Portaria GM/MS Nº 1.999 atualizou a lista de acidentes de trabalho no Brasil, que incluiu o burnout. Isso quer dizer que, sob a ótica do Ministério do Trabalho, o colaborador diagnosticado com burnout tem os mesmos direitos trabalhistas daqueles com outras doenças e acidentes decorrentes de atividades profissionais. Por que a saúde mental ainda é tabu nas empresas? Muitos profissionais ainda não buscam ajuda especializada para tratar a doença, principalmente por desconhecimento, preconceito com relação a doenças de saúde mental, medo do julgamento e estigmatização, vergonha em admitir vulnerabilidades e a falta de apoio e acolhimento no ambiente corporativo. Esses fatores combinados contribuem para que o colaborador hesite em procurar apoio e resultam em afastamentos que poderiam ter sido evitados. De que forma a cultura de trabalho pode ajudar Sintomas de sofrimento emocional, como o burnout, têm mais chance de serem diagnosticados, evitados e tratados quando o colaborador faz parte de uma organização em que: Como é comum e ocorre em outras doenças, a identificação rápida dos sinais e o diagnóstico precoce do burnout permite intervenções eficazes, minimiza os impactos e contribui para uma melhor recuperação. Além disso, aliado a um tratamento personalizado e adequado, conduzido por profissionais especializados, garante que as necessidades individuais sejam atendidas, promovendo um retorno ao bem-estar emocional e físico mais rápido e sustentável. A Caliandra Saúde Mental é uma empresa especializada em soluções de cuidados com a saúde mental e treinamento de liderança. Nossos especialistas estão à disposição para apoiar o seu negócio nessa jornada, com o sigilo e a eficiência que o tema demanda. Entre em contato agora.
Saúde mental no trabalho: 3 práticas essenciais

A saúde mental no trabalho é um assunto cada vez mais importante e urgente. Isso, principalmente considerando que 30% dos brasileiros sofrem de burnout, de acordo com dados da International Stress Management Association (ISMA). Vale destacar que trata-se de uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas relacionados ao estresse crônico no contexto profissional. Em setembro de 2022, a OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou material produzido em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), com diretrizes que alertam para medidas concretas e enfatizam a importância de desenvolver ações para promover segurança, saúde e bem-estar emocional, enfrentar rotinas insalubres, como sobrecargas de trabalho, e outros fatores que propiciam sofrimento emocional no ambiente corporativo. As organizações têm um papel fundamental nesse cenário. E é sobre isso que abordaremos neste artigo. Como a empresa pode promover o bem-estar do colaborador O Governo Federal destaca a importância do tema e, com o intuito de promover e incentivar as empresas, implementou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, que visa orientar e chancelar as organizações que adotarem medidas eficazes para o bem-estar da equipe. A regulamentação será o próximo passo, mas, mesmo antes disso e da conquista do certificado, organizações de todos os portes e segmentos podem avançar e se adiantar em prol da saúde mental no trabalho, a partir de 3 passos essenciais: 1. Treinamentos de liderança Os gestores podem enfrentar inseguranças e dúvidas sobre como lidar com situações de sofrimento emocional de membros da equipe, o que é perfeitamente natural. Por isso, é indispensável que recebam treinamentos e orientações sobre o manejo na gestão de crises. Por ser uma responsabilidade compartilhada, é importante que colaborador, liderança, recursos humanos e especialistas trabalhem em conjunto. Vale ressaltar que líderes atentos à própria saúde mental estão aptos a lidar com o estresse, a pressão e os desafios do ambiente de trabalho de forma eficaz, o que contribui para um clima organizacional positivo e produtivo. Ao demonstrarem autocuidado e equilíbrio, os líderes atuam como exemplo para os colaboradores, incentivando a busca por um ambiente de trabalho saudável e o respeito aos limites individuais. 2. Investir em letramento sobre saúde mental A ausência de informações sobre saúde mental é um dos motivos que impacta o desenvolvimento de ações relacionadas ao tema no ambiente de trabalho e dificulta a busca por ajuda tanto por parte dos líderes quanto dos colaboradores em sofrimento. Dessa forma, investir em letramento em saúde mental no trabalho significa romper a barreira do estigma, aumentando o conhecimento e a conscientização de todos. 3. Trabalho em parceria Para que as ações sejam eficientes, é essencial que sejam planejadas em colaboração entre o RH e a liderança das empresas, levando em conta a cultura organizacional, a realidade das equipes e as melhores práticas existentes na promoção da saúde mental no trabalho. Além disso, é recomendável estabelecer parcerias com empresas especializadas em soluções de cuidados com a saúde mental. A Caliandra Saúde Mental é uma empresa especializada em soluções de cuidados com a saúde mental e treinamento de liderança. Nossos especialistas estão à disposição para apoiar o seu negócio nessa jornada, com o sigilo e a eficiência que o tema demanda. Entre em contato agora.
Brasil enfrenta desafios na saúde mental: urgência em ambientes de trabalho

Especialistas alertam para a necessidade de ações efetivas nas empresas para melhorar o bem-estar mental dos colaboradores O Brasil se posiciona alarmantemente como o quarto país com os piores índices de saúde mental globalmente, segundo o recente estudo “The Mental State of the World” da Sapien Labs. Este levantamento, que envolveu mais de 500 mil pessoas em 71 países, revelou uma pontuação preocupante de 53 em uma escala de até 110 para o Brasil. Especialistas apontam para a necessidade urgente de endereçar essa questão crítica, especialmente no ambiente de trabalho. Um relatório da Vidalink, uma empresa que oferece planos de bem-estar corporativo, destaca a importância de programas de bem-estar ajustados às necessidades individuais dos colaboradores. Seus dados revelam que 63,1% dos profissionais brasileiros relatam sentir ansiedade ou angústia na maior parte dos dias, com quase 30% admitindo não tomar nenhuma ação para melhorar sua saúde mental. Adicionalmente, o primeiro semestre de 2023 registrou um aumento de 37% no uso de antidepressivos em comparação com o mesmo período do ano anterior, indicando um crescimento tanto no diagnóstico quanto no suporte a tratamentos de saúde mental nas empresas. Especialistas como Luis González, CEO da Vidalink, Nikolas Heine, médico psiquiatra, e Patrícia Pousa, Doutora em Mundo do Trabalho e Saúde Mental, enfatizam a importância do cuidado com a saúde mental no contexto corporativo. Argumentam que não se pode dissociar produtividade de bem-estar e destacam que empresas que valorizam a saúde mental dos funcionários não apenas cultivam um ambiente de trabalho positivo, mas também promovem lealdade e diminuem a rotatividade de pessoal. Os impactos da saúde mental no trabalho incluem desde a prevenção de doenças ocupacionais, como o burnout, até a promoção de uma liderança acolhedora que apoia o bem-estar contínuo dos colaboradores. Reconhecer os sinais de problemas de saúde mental é essencial, incluindo mudanças de humor, perda de interesse em atividades prazerosas, problemas de concentração, ansiedade prolongada, entre outros. Para enfrentar esses desafios, os especialistas propõem uma série de práticas visando a melhoria da saúde mental, como a promoção de exercícios físicos, nutrição equilibrada, qualidade do sono, mindfulness e meditação, conexões sociais fortes, hobbies e atividades de lazer, desenvolvimento pessoal e, quando necessário, tratamento medicamentoso adequado. A inclusão dessas práticas no dia a dia dos colaboradores, juntamente com o apoio das empresas, pode levar a um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Esse compromisso com o bem-estar não apenas beneficia os funcionários individualmente, mas também oferece vantagens competitivas para as empresas, incluindo maior engajamento, produtividade e retenção de talentos, além de fortalecer a marca empregadora no mercado. O Brasil, enfrentando uma das piores crises de saúde mental, necessita de uma atuação conjunta entre empresas, profissionais de saúde e políticas públicas, visando criar ambientes de trabalho que não apenas reconheçam, mas também atuem proativamente na promoção da saúde mental dos colaboradores. Este esforço conjunto pode ser um marco significativo na mudança de paradigmas sobre o bem-estar no trabalho, sinalizando um futuro mais saudável e equilibrado para o mercado de trabalho brasileiro. Fonte: Mundo RH
Burnon vem antes do burnout e dá sinais de alerta; veja como identificar

Nos últimos anos, a rotina da publicitária Adriana*, 37, podia ser resumida da seguinte forma: ela trabalhava cerca de 12 horas por dia, vivia cansada, não dormia o suficiente para se recuperar e abusava do consumo de cafeína. Apesar da exaustão, ela sentia uma euforia anormal para cumprir metas e avançar na carreira. Por um tempo, funcionou. Adriana progredia na empresa e acreditava que estava gerenciando tudo. Até que, “de repente”, o esgotamento surgiu, impossibilitando-a de seguir nesse ritmo frenético. É claro que o colapso não é algo que ocorre da noite para o dia. Depois de semanas, meses ou até anos de esforço excessivo no trabalho, a pessoa pode atingir o ponto de ruptura físico e mental conhecido como esgotamento. No entanto, embora muito tenha sido falado sobre o burnout, a fase de esgotamento em si, pouco se fala sobre a fase que vem antes: o burnon. Esse termo foi criado por pesquisadores alemães (Timo Schiele e Bert te Wildt) para descrever o estado de pessoas com níveis elevados de estresse, já capaz de trazer prejuízos para rotina, bem-estar e saúde mental, mas no qual o indivíduo consegue manter um certo nível de eficácia. No burnon, as pessoas trabalham e seguem suas vidas como se tudo estivesse normal, embora se sintam frequentemente exaustas. Os indivíduos permanecem funcionais e podem ter dificuldade para perceber que já se encontram diante de um estado que precisa ser remediado para evitar o colapso. Como identificar De acordo com Camila Magalhães, doutora em psiquiatria pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), embora ainda não exista um debruçar científico para esse tema, entende-se o burnon como um mecanismo de estresse relacionado ao trabalho com sintomas semelhantes aos de burnout. Ela explica que, geralmente, por conta da “compulsão em trabalho”, o paciente revela um sentimento de exaustão física e mental crônica, redução do prazer nas atividades fora do ambiente corporativo, desconexão emocional e persistência de sintomas físicos, como tensão muscular e dores de cabeça constantes. “Ao meu ver, a relação disfuncional do sujeito com seu trabalho tem múltiplos fatores causais: aspectos pertinentes ao indivíduo (personalidade, desejos, necessidades), precariedade nas relações e condições de trabalho, falta de políticas de saúde mental nas empresas, assim como aspectos da cultura neoliberal pautada no individualismo, desempenho e competitividade em um contexto de indefinições e crises de diversas naturezas (politica, econômica e socioambiental). Todo esse ecossistema gera sofrimento”, avalia Magalhães. Além disso, segundo ela, no burnon o sujeito também parece se identificar com a antiga máxima do “trabalha que passa”, “o trabalho dignifica o homem”, entre outras formas de domínio do sujeito para vinculá-lo ainda mais à produtividade. O que fazer para evitar Conseguir estabelecer limites saudáveis em relação ao trabalho é um fator importante de prevenção. Outras estratégias incluem investir no autocuidado, ter momentos de qualidade com amigos e familiares e respeitar e priorizar o descanso e a desconexão. Para Cleyson Monteiro, psicólogo e professor do curso de psicologia da Uninassau, é essencial reservar tempo para atividades que proporcionem prazer e satisfação pessoal. “Um grande problema da sociedade contemporânea é a falta de tempo dedicado a si mesmo. Muitas vezes, as pessoas priorizam o tempo para os outros —filhos, trabalho, cônjuge—, mas negligenciam a si mesmas”, ressalta ele. Além disso, vale sempre buscar ajuda de profissionais especializados em saúde mental para evitar que a situação se agrave. Responsabilidade das empresas Segundo Thaís Gameiro, neurocientista pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e sócia da consultoria Nêmesis, investir numa cultura que prioriza a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores é uma das melhores formas de protegê-los do adoecimento associado ao estresse. “As empresas podem fazer isso de muitas formas, por exemplo: capacitar líderes para terem práticas de gestão anti-burnout, desenvolver os colaboradores para que aprimorem suas habilidades de autogestão, priorização e gestão do tempo, incentivar rotinas e acordos que respeitem o equilíbrio de vida, evitar a cultura da urgência e da conexão 24 horas, estimular pilares como segurança psicológica, confiança e colaboração entre os times etc.”, enumera Gameiro. Para a especialista, de maneira geral, as empresas precisam apostar em ações e práticas preventivas, ou seja, que evitem o adoecimento das pessoas. “Oferecer suporte emocional e psicoterapêutico também é uma ação importante, no entanto, muitas vezes isso acontece apenas quando os profissionais já estão doentes”, afirma. Fonte: Viva Bem – UOL
Executivos brasileiros se alimentam mal e são estressados, aponta pesquisa

Pesquisa da operadora de saúde Omint avaliou as condições de saúde de 15 mil executivos que ocupam cargos de média gerência e alto escalão. O estudo revelou que 95,5% não possuem uma alimentação adequada, o que faz com que 38,6% estejam acima do peso. Além disso, 44% são sedentários e 31,7% possuem um nível de estresse elevado. Já a ansiedade teve um aumento de 24%, quando comparada com um estudo anterior, realizado em 2019. O último mapeamento global de transtornos mentais divulgado em 2022 pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revelou que o Brasil possui a população mais ansiosa do mundo. De acordo com relatório da Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMS), 90% da população mundial foi diagnosticada com estresse. No Brasil, além do estresse, ansiedade e depressão, segundo um estudo da Fiocruz, 72% da população sofre de insônia. De acordo com a Dra. Camila Magalhães, psiquiatra e cofundadora da Caliandra Saúde Mental, isso pode estar relacionado ao estilo de vida das pessoas, especialmente no universo corporativo, onde muitos vivenciam uma rotina exaustiva de trabalho e não conseguem priorizar os cuidados com a saúde física e principalmente a saúde mental. “O excesso de demandas, reuniões, prazos apertados e a pressão cada vez mais assídua por resultados, com o tempo impacta drasticamente a qualidade de vida e a saúde emocional de qualquer colaborador ou líder de uma empresa. É preciso buscar o equilíbrio e dividir as tarefas e momentos do dia. Por exemplo: aos finais de semana é aconselhável evitar assuntos relacionados ao trabalho, a menos que seja uma situação de real urgência”, explica a especialista. Cuidado com a saúde mental nas empresas é essencial Para as empresas, é necessário compreender as características de cada colaborador para direcionar o mapeamento das necessidades e práticas de saúde mental. Nessa jornada de promover bem-estar emocional no ambiente organizacional, é essencial preparar e articular uma rede de apoio entre profissionais de Recursos Humanos, líderes e colaboradores. “A saúde mental da equipe se tornou prioridade em empresas que desejam manter a produtividade e competitividade do negócio. Este, sem dúvida, é um tema que precisa ser abordado nas reuniões estratégicas dos líderes, nas ações da área de Recursos Humanos, na pesquisa de clima organizacional e, inclusive, nos exames médicos periódicos”, finaliza a psiquiatra. Fonte: Isto é Dinheiro