Como a alimentação de qualidade é aliada no tratamento de transtornos mentais

Por muito tempo, nutrição e saúde mental foram tratadas como áreas separadas. No entanto, estudos científicos recentes têm mostrado que essas duas dimensões da saúde estão profundamente conectadas, e compreender essa relação nunca foi tão relevante. Tanto a má alimentação quanto os transtornos mentais estão entre as principais causas de doenças, incapacidades e mortes em todo o mundo, especialmente entre pessoas em situação de vulnerabilidade. A falta de acesso a alimentos nutritivos e seguros pode comprometer diretamente o funcionamento do cérebro, afetando a produção de neurotransmissores, o equilíbrio hormonal e as respostas emocionais. Ao mesmo tempo, condições como depressão e ansiedade impactam o apetite, reduzem a disposição para cozinhar ou se alimentar e interferem na capacidade de autocuidado e no cuidado com outras pessoas. Para muitas famílias, em especial aquelas em contextos de insegurança alimentar, manter uma alimentação saudável não é uma questão de escolha, mas de impossibilidade. A ausência de nutrientes adequados compromete o funcionamento do corpo — especialmente do cérebro.. Sem os nutrientes adequados, ele torna-se disfuncional, afetando o humor, a cognição e o comportamento. A carência nutricional afeta processos cognitivos e emocionais, contribuindo progressivamente para o agravamento da saúde mental. Diante desse cenário, cresce a compreensão de que dietas de alta qualidade não apenas previnem doenças físicas, mas podem atuar como aliadas importantes no tratamento de transtornos mentais. A alimentação é hoje reconhecida como um componente fundamental no cuidado em saúde mental, não mais restrito à prevenção, mas como parte do processo terapêutico. Dietas de alta qualidade: mais do que nutrientes De acordo com um estudo da Nature Communications de 2024, “Adherence to the EAT-Lancet diet and incident depression and anxiety”, alimentos ricos em fibras, gorduras boas, antioxidantes e aminoácidos essenciais, como os presentes em dietas mediterrâneas, veganas bem planejadas ou DASH, têm mostrado associação com: A boa nutrição favorece a produção e o transporte de neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA, essenciais para o equilíbrio emocional. Por que isso importa para o futuro da saúde mental? Incluir a alimentação como um pilar do tratamento traz uma nova perspectiva: estratégias integradas, que combinam psicoterapia, farmacologia e intervenções nutricionais, demonstram potencial para resultados mais sustentáveis e respostas mais rápidas ao tratamento. Pacientes com dietas balanceadas tendem a apresentar menor inflamação sistêmica, melhor qualidade de sono, maior energia e maior motivação para aderir ao processo terapêutico. Além disso, mudanças positivas no padrão alimentar muitas vezes funcionam como catalisadores de outros comportamentos saudáveis, como a prática de atividades físicas e o abandono de hábitos prejudiciais, como o consumo excessivo de álcool. Alimentação é cuidado emocional É fundamental reconhecer que a alimentação não se limita à ingestão de nutrientes: ela carrega significados afetivos, culturais e sociais. Cuidar da alimentação é também cuidar da autoestima, da identidade e da relação com o próprio corpo. Nesse contexto, estratégias terapêuticas que consideram a dimensão alimentar com seriedade ganham espaço. Dietas de alta qualidade, quando associadas a intervenções farmacológicas inovadoras, como os agonistas do receptor de GLP-1, vêm sendo investigadas como parte de abordagens integrativas em saúde mental. Contudo, é importante ressaltar que, embora essas substâncias estejam mostrando efeitos promissores em relação à regulação do apetite, perda de peso e possíveis impactos na redução e controle do abuso de álcool, ainda são necessárias pesquisas robustas para confirmar sua eficácia e segurança em contextos psiquiátricos. O uso de agonistas de GLP-1 na saúde mental deve ser feito com cautela, respeitando protocolos médicos, acompanhamentos multiprofissionais e evidências científicas. Um cuidado que integra corpo e mente O avanço de estudos como o publicado na Nature Communications, 2024, reforça um novo paradigma: a nutrição deixa de ser coadjuvante e passa a ocupar um lugar estratégico na promoção da saúde mental e emocional. Não se trata de substituir medicamentos ou terapias, mas de compor um cuidado integral completo, que respeite a complexidade do ser humano. Reconhecer que saúde mental e nutrição caminham lado a lado é um passo importante para políticas públicas mais eficazes, para o desenvolvimento de programas de prevenção em larga escala e para intervenções clínicas que respeitem a integralidade do cuidado. Na Caliandra, acreditamos que o cuidado em saúde mental deve ser completo e centrado na pessoa. Por isso, no nosso atendimento ambulatorial, além dos acompanhamentos em psicologia e psiquiatria, oferecemos também atendimento nutricional, com profissionais especializados em saúde mental e alimentação. Nosso trabalho é integrado: psicólogos, psiquiatras e nutricionistas atuam em conjunto para oferecer um plano terapêutico personalizado, que considera todas as dimensões do bem-estar — emocional, físico e social. Cuidar da saúde mental também é cuidar da alimentação. E esse cuidado precisa ser feito com ciência, acolhimento e parceria.
Crise de ansiedade no trabalho: como gerenciar

Programas de apoio emocional corporativo são e sempre serão ações importantes dentro de uma companhia. É fundamental lembrar, porém, que sentimentos de tristeza e raiva fazem parte da nossa existência. É algo natural e esperado diante, por exemplo, de situações de perda, frustração ou decepção. Devemos sempre lembrar que vivenciar tais sentimentos não significa que algo esteja “errado”, mas é imprescindível manter atenção à saúde mental para que as emoções não se tornem persistentes e difíceis de controlar, afetando a qualidade de vida e as relações pessoais e profissionais do colaborador. Dados de um recente estudo da Gallup indicam que o Brasil é o quarto país da América Latina com o maior número de profissionais que sentem tristeza e raiva diariamente. No relatório, Jon Clifton, CEO da consultoria, destaca que o número de profissionais que expressam estresse, tristeza, ansiedade, raiva ou preocupação tem aumentado, atingindo seu nível mais alto desde o início das pesquisas da consultoria. Diante desse cenário, produzimos esse conteúdo com foco na crise de ansiedade no trabalho. Não deixe de ler. O que é uma crise de ansiedade? A ansiedade patológica é um dos principais transtornos mentais relacionados ao trabalho. Trata-se de uma resposta emocional caracterizada por uma preocupação persistente e duradoura, que pode se manifestar sem motivo aparente. Essa condição, além de gerar sofrimento emocional, pode desencadear sintomas físicos, como tensão muscular, aumento da frequência cardíaca e da transpiração. Nesses momentos, pode ocorrer queda na produtividade, no desempenho das atividades do dia a dia e na capacidade de se concentrar em algo ou alguém. Em vez de nos estimular a resolver o que nos aflige (como uma ansiedade comum), a ansiedade patológica nos paralisa. A crise é um episódio súbito e intenso. Quais os principais fatores desencadeantes de crise de ansiedade no trabalho? O ambiente de trabalho exige um alto nível de proatividade e capacidade de resolução de problemas e superar desafios. As empresas buscam talentos que contribuam para o crescimento organizacional, a inovação e o alcance de metas e resultados. Embora esse cenário ofereça oportunidades de desenvolvimento e realização, também pode resultar em um nível elevado de estresse. Nessa dinâmica, uma crise de ansiedade no trabalho pode ser desencadeada por diferentes fatores. Veja alguns exemplos: Como gerenciar uma crise de ansiedade? Diferentemente da preocupação, caracterizada por pensamentos que podem ser verbalizados e não nos impedem de agir, a ansiedade é acompanhada de diversos sintomas físicos, como os descritos no início desse texto, que impactam o nosso desempenho, a nossa produtividade e a nossa capacidade de concentração. Dessa forma, diante de uma crise de ansiedade no trabalho, é útil que a pessoa busque, de maneira imediata: Uma vez superada a crise, é essencial investir em um cuidado contínuo da saúde mental. Compreender os fatores que contribuíram para o episódio e implementar hábitos saudáveis são passos importantes para prevenir e promover o bem-estar emocional. Nessa jornada, a recomendação é: Prevenção: construindo um ambiente de trabalho saudável Os cuidados com a saúde mental no trabalho devem ser contínuos e consistentes, não se limitando a ações pontuais, como campanhas do Janeiro Branco ou do Setembro Amarelo, por exemplo. É preciso promover ações de desenvolvimento e letramento das lideranças e de autocuidado de todo o time. Como e quando buscar ajuda profissional? É importante e ressaltamos a importância de procurar um profissional de saúde mental sempre que sentir algum desconforto emocional persistente que esteja agregando alguma complexidade para as ações do dia a dia. A terapia é um convite para uma jornada de autoconhecimento, na qual os pensamentos, emoções e comportamentos serão explorados, com objetivo de encontrar estratégias para lidar com as demandas de uma maneira mais saudável e construtiva. Em um ambiente corporativo, profissionais de todas as gerações, de diferentes cargos e níveis hierárquicos podem vivenciar transtornos mentais, como uma crise de ansiedade no trabalho. A atenção da organização se faz necessária para que esses colaboradores tenham mais recursos para mitigar desconfortos emocionais e lidar melhor com emoções que se apresentem no dia a dia. A Caliandra Saúde Mental é uma empresa especializada em soluções de cuidados com a saúde mental e treinamento de liderança. Nossos especialistas estão à disposição para apoiar o seu negócio nessa jornada, com o sigilo e a eficiência que o tema demanda. Entre em contato.