Caliandra

Executivos brasileiros se alimentam mal e são estressados, aponta pesquisa

Pesquisa da operadora de saúde Omint avaliou as condições de saúde de 15 mil executivos que ocupam cargos de média gerência e alto escalão. O estudo revelou que 95,5% não possuem uma alimentação adequada, o que faz com que 38,6% estejam acima do peso. Além disso, 44% são sedentários e 31,7% possuem um nível de estresse elevado. Já a ansiedade teve um aumento de 24%, quando comparada com um estudo anterior, realizado em 2019. O último mapeamento global de transtornos mentais divulgado em 2022 pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revelou que o Brasil possui a população mais ansiosa do mundo. De acordo com relatório da Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMS), 90% da população mundial foi diagnosticada com estresse. No Brasil, além do estresse, ansiedade e depressão, segundo um estudo da Fiocruz, 72% da população sofre de insônia. De acordo com a Dra. Camila Magalhães, psiquiatra e cofundadora da Caliandra Saúde Mental, isso pode estar relacionado ao estilo de vida das pessoas, especialmente no universo corporativo, onde muitos vivenciam uma rotina exaustiva de trabalho e não conseguem priorizar os cuidados com a saúde física e principalmente a saúde mental. “O excesso de demandas, reuniões, prazos apertados e a pressão cada vez mais assídua por resultados, com o tempo impacta drasticamente a qualidade de vida e a saúde emocional de qualquer colaborador ou  líder de uma empresa. É preciso buscar o equilíbrio e dividir as tarefas e momentos do dia. Por exemplo: aos finais de semana é aconselhável evitar assuntos relacionados ao trabalho, a menos que seja uma situação de real urgência”, explica a especialista. Cuidado com a saúde mental nas empresas é essencial Para as empresas, é necessário compreender as  características de cada colaborador para direcionar o mapeamento das necessidades e práticas de saúde mental. Nessa jornada de promover bem-estar emocional no ambiente organizacional, é essencial preparar e articular uma rede de apoio entre profissionais de Recursos Humanos, líderes e colaboradores. “A saúde mental da equipe se tornou prioridade em empresas que desejam manter a produtividade e competitividade do negócio. Este, sem dúvida, é um tema que precisa ser abordado nas reuniões estratégicas dos líderes, nas ações da área de Recursos Humanos, na pesquisa de clima organizacional e, inclusive, nos exames médicos periódicos”, finaliza a psiquiatra. Fonte: Isto é Dinheiro

Sintomas de burnout: como evoluem e quais podem indicar esgotamento

A combinação de falta de motivação com a sensação de exaustão constante nem sempre é sinônimo de uma “fase ruim” no trabalho. Na verdade, essa é a fórmula básica da chamada síndrome de burnout. Essa condição, cada vez mais comum nos dias de hoje, afeta a saúde física e mental de muitos trabalhadores, especialmente aqueles que estão expostos a altos níveis de estresse profissional. A síndrome é derivada exclusivamente da sobrecarga de uma rotina e cultura de trabalho disfuncional, ou seja, que coloca em risco a qualidade de vida e bem-estar do indivíduo ativo profissionalmente. Muito além de um quadro de estresse e cansaço excessivo, esse problema se manifesta por meio de uma série de sintomas, que podem variar de pessoa para pessoa. Não à toa o diagnóstico é complexo, feito de forma minuciosa por um profissional especializado na área de saúde mental, como médico psiquiatra e/ou psicólogo clínico. Principais sintomas de burnoutPor ser classificado como uma síndrome, o burnout é, na verdade, um conjunto de sinais e sintomas relacionados ao estresse crônico no contexto profissional. Portanto, é possível que a pessoa sinta esses efeitos em diversas esferas de sua vida. Entre os principais sintomas de burnout estão: Sintomas físicos Sintomas cognitivos Sintomas comportamentais Sintomas emocionais No lado psicológico, há também a possibilidade de despersonalização, ou seja, a pessoa passa a desenvolver atitudes e sentimentos resultantes de pensamentos negativos recorrentes em relação ao trabalho, colegas de trabalho e clientes. Isso faz com que haja a manifestação de cinismo, sarcasmo e distanciamento emocional. Primeiros sintomas de burnoutGeralmente, as pessoas que são acometidas pelo burnout pensam que estão apenas cansadas ou que enfrentam um mal-estar passageiro. Além disso, na maioria dos casos, os sintomas aparecem de forma lenta e gradual, evoluindo com o passar do tempo. Outro ponto é que o início do burnout pode ser diferente para cada indivíduo, pois irá depender de aspectos biológicos, psicológicos, sociais e emocionais. Mesmo assim, alguns sintomas comuns que costumam ser associados ao quadro inicial incluem: Como o burnout evolui? O desenvolvimento do burnout, em geral, passa por vários estágios: Estágio 1, quando ainda não há o burnout, são observados sinais de riscos associados à síndrome, mas sem prejuízos à saúde. Nesta etapa, ainda há satisfação no trabalho, aceitação das responsabilidades, níveis de energia sustentados e compromisso com as atividades profissionais. Porém, pode haver sinais de compulsão para provar a si mesmo sua capacidade e altos níveis de produtividade. Estágio 2, outros sinais começam a aparecer, com queda na produtividade e consequências negativas para a saúde. Entre eles, é possível observar redução da qualidade do sono, dor de cabeça, dificuldade de concentração, irritabilidade, ansiedade e falta de interação social. Estágios 3 e 4: os sinais progressivamente se intensificam. Então, a pessoa começa a sentir cansaço persistente, tem o sono muito prejudicado, sofre com dores crônicas e passa a ter mudanças de comportamento e humor, além de ter sentimento de ameaça e pressão. Estágio 5: com sinais claros de estresse crônico relacionados ao trabalho, o quadro engloba tristeza crônica, fadiga mental, esgotamento físico e distanciamento do trabalho (com negativismo ou cinismo), já com a produtividade também prejudicada. Burnout pode ser confundido com outras doenças?Por afetar diversos aspectos da saúde física e mental do indivíduo, o burnout pode ser confundido com diversas doenças e condições. Na verdade, de acordo com, a síndrome deve ser identificada por meio de um diagnóstico de exclusão, ou seja, após cuidadosa avaliação e exclusão de outras causas que possam ser responsáveis pelos sintomas que a pessoa está apresentando. Os principais quadros que podem se parecer com o burnout são, principalmente, os transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e transtornos de adaptação. É importante também garantir que não há comorbidades físicas precedentes que possam influenciar nos sintomas, como no caso de gastrite, dermatites, hipertensão e hipotireoidismo, entre outras). Ao investigar o quadro, o especialista também busca saber se não há um problema existente importante na vida pessoal daquela pessoa – e que pode estar gerando um grande estresse emocional. Por isso, uma avaliação detalhada e o diagnóstico correto são fundamentais, tendo em vista que a depender do quadro diagnosticado os tratamentos e intervenções serão diferentes. Qual é a diferença entre estresse e burnout? O estresse nada mais é que uma resposta natural do organismo diante de situações percebidas como perigosas ou ameaçadoras. É um mecanismo que coloca o ser humano em estado de alerta, preparando-o física e mentalmente para lidar com desafios ou adversidades. Isso pode acontecer tanto na vida pessoal quanto profissional e, geralmente, as situações de estresse agudas são superadas com momentos de descanso, férias ou quando o problema é solucionado. Já o burnout é algo mais crônico e intenso, e envolve especificamente a vida profissional. Caso não seja tratado, pode desencadear outros sintomas psicológicos, impactando, assim, a vida pessoal. Caso não seja tratado, pode desencadear outros sintomas psicológicos, impactando, assim, a vida pessoal também. Quando é preciso buscar ajuda? Qualquer pessoa que esteja enfrentando sinais persistentes de exaustão emocional e desmotivação no trabalho deve se preocupar com a possibilidade de burnout. Se você notar uma deterioração constante em seu bem-estar mental e físico, é importante consultar um especialista em saúde mental. Fonte: Viva Bem – UOL

Velho normal? Por que empresas estão voltando ao modelo presencial de trabalho

O trabalho remoto – forçado pela pandemia de Covid-19 – foi decretado como o “novo normal” do mundo corporativo após o pico da crise sanitária. A aposta no modelo de trabalho era tamanha, que algumas empresas chegaram a anunciar o fim de seus escritórios. Com trabalhadores montando seu escritório em casa, preços de itens como notebooks e mesa inflacionaram. Empresas criaram até benefícios para ajudar a custear o que ficou conhecido no Brasil como home office. Mas o tempo mostra que o movimento perdeu força no mercado de trabalho. Cada vez mais empresas estão retomando o trabalho presencial em seus escritórios, ainda que, segundo especialistas, a flexibilização no modelo de trabalho seja uma tendência irreversível, que está passando por um momento de adaptação. Nos últimos seis meses, grandes empresas, como Google, Salesforce e Amazon adotaram políticas de retorno ao modelo presencial. O Zoom, plataforma de reuniões online se destacou durante a pandemia e redefiniu o trabalho remoto, anunciou em julho que os funcionários que moram perto de um escritório “precisam estar no local dois dias por semana” porque é “mais eficaz” para o serviço de videoconferência. Segundo o LinkedIn Economic Graph, se em fevereiro de 2022, no Brasil, 40% das vagas anunciadas na plataforma mencionavam a possibilidade de trabalhar remotamente, esse percentual caiu a 25% um ano depois. No mundo, a mesma tendência também é percebida. A proporção de vagas para trabalho remoto no Brasil está à frente de países como Estados Unidos (12,21%), Índia (21,91%), Espanha (16,63%) e Reino Unido (10,62%), de acordo com dados de fevereiro de 2023. A busca pela melhora na produtividade tem sido o principal argumento das companhias na decisão de retornar ao trabalho no escritório. Um estudo da Universidade de Stanford, publicado em julho de 2023, concluiu que o trabalho remoto pode reduzir a produtividade do trabalho de 10% a 20%, comparado com um trabalhador que está presencialmente 100% do tempo. Maria Eduarda Silveira, headhunter especializada em Liderança, explica que as empresas estão lutando para manter os níveis de rendimento em um momento econômico que se apresenta muito desafiador. “Quando vivemos em um cenário desafiador, é natural que algumas empresas pensem que trazer seus funcionários para dentro do escritório é uma medida que vai trazer o equilibro de forma mais rápida”, avalia. Uma questão importante de compreender, segundo Maria Eduarda, é se a volta do presencial acontece por uma falsa sensação de controle que as companhias querem ter, ou porque o presencial realmente faz mais sentido para a estratégia de negócio. A especialista pontua que a gestão de desempenho ainda não é uma política bem estruturada dentro das empresas no país, e que precisa ser melhor elaborada pelas lideranças, seja no modelo presencial ou no remoto, mas existe uma dificuldade maior de liderar no modelo home office. “Podemos ser mais criativos e buscar resolver problemas novos com soluções que ainda não existem. Estamos aprendendo a fazer isso”, avalia a especialista. Revisão do sistema Cristina Goldschmidt, professora da FGV e especialista em Liderança e Gestão, sugere que as pesquisas sobre produtividade e modelo de trabalho precisam ser avaliadas qualitativamente a cada caso, e não quantitativamente. “Precisamos medir o impacto de cada modelo considerando o valor agregado de cada um no resultado produtivo. É importante entender os benefícios que o modelo remoto traz em cada tipo de trabalho.” A professora avalia que existe uma mão de obra mais operacional que precisa de supervisão constante, e o trabalho remoto pode comprometer a produtividade desses trabalhos. O mesmo funciona com a nova geração de trabalhadores, que no modelo presencial podem ser capacitados mais rapidamente. Segundo o estudo de Stanford, os desafios de comunicação, a dificuldade de atuar em níveis mais criativos e a queda na produtividade são os principais desafios de um trabalho 100% remoto. Por outro lado, esse modelo também reduz os custos para as empresas, como o aluguel do espaço físico. O trabalho híbrido, por sua vez, pode ter leves efeitos positivos na produtividade, conforme conclui a pesquisa da universidade americana. Isso porque esse formato poupa cerca de duas ou três horas por semana devido a menos deslocamentos, e também deixa os funcionários mais produtivos nos seus dias em casa devido a menos distrações e a condições de trabalho mais tranquilas. Erica Siu, CEO da Caliandra Saúde Mental, ressalta que ambos os modelos, presencial e remoto, têm benefícios e desafios, mas que independentemente da empresa ou modelo, é fundamental que exista um olhar para a saúde mental.  “Precisamos construir ambientes de trabalho para as pessoas terem segurança psicológica, e às vezes a rotina diária dificulta estar presencial todos os dias. Lembrando que trabalho exige uma disciplina e concentração”, pontua.  A especialista destaca a importância de a empresa comunicar sobre as eventuais mudanças de modelo de trabalho, e priorizar a saúde dos trabalhadores, pensando nessas transições com cuidado. Cristina Goldschmidt afirma que será necessário refletir sobre os efeitos dessa decisão pouco pensada por parte das empresas de forçar um retorno presencial. “Depois que percebemos os efeitos dessas decisões extremas, podemos ver as empresas voltando atrás”, avaliou Cristina. Maria Eduarda Silveira concorda que refletir sobre isso precisa estar na agenda da gestão das empresas. Empresas que forem 100% regidas no presencial tendem a sofrer mais em relação a contratação e retenção de talentos, explica a especialista. “Não tem uma receita de bolo, o futuro do trabalho está sendo construído”, pontua. Fonte: CNN Brasil

Especialista alerta para sete sinais preocupantes para a saúde mental no trabalho

Atualmente, questões de saúde mental são desafios cada vez maiores para as companhias, que tem dificuldade para identificar se o funcionário não está rendendo por conta desse tipo de questão.  Uma pesquisa realizada pela Psychiatry Research Communications com 5 mil trabalhadores alemães apontou que 65,5% têm vergonha de falar sobre questões referentes à saúde mental e 54,1% disseram que preferem trabalhar sem expor essas dificuldades para colegas ou superiores. “O medo de ser avaliado negativamente por demandas de saúde mental, a perspectiva de ficar desempregado por causa disso, o estresse financeiro, a lealdade à empresa e a insegurança devido ao cenário econômico têm contribuído para que muitas pessoas cheguem ao trabalho doente”, explicou o psiquiatra e fundador da Caliandra Saúde Mental, Arthur Guerra.  Ele dá sete dicas para identificar indícios de que aquele funcionário está sofrendo com questões mentais: “É possível através desses indicadores estruturar ações que permitam compreender o estado emocional geral do time, assim como viabilizar acesso aos serviços de saúde mental que possibilitem intervenções para mitigar o desenvolvimento destes sentimentos que ameaçam a saúde mental e a produtividade dos colaboradores”, apontou Guerra. Fonte: Isto é Dinheiro

Por que calcular o ROI de saúde mental nas empresas?

Um problema de saúde mental envolve diversos sintomas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 94% das pessoas com sofrimento mental apresentam falhas na memória, falta de atenção e desinteresse em decisões e planejamentos. Como sabemos, isso afeta a rotina pessoal e as atividades do trabalho, impactando a produtividade dos colaboradores e, consequentemente, os ganhos da companhia. Um estudo divulgado pela ISMA-BR (International Stress Management Association) revelou que, no Brasil, nos últimos dez anos, o estresse e outros sintomas de esgotamento emocional foram responsáveis por um aumento de 140% nos gastos trabalhistas. Além dos custos diretos, como os cuidados em saúde (incluindo benefícios psicológicos e medicamentos) e afastamentos, é preciso lembrar dos indiretos: as faltas ao trabalho, o presenteísmo e a rotatividade de colaboradores. Principalmente quando há afastamentos longos, em especial de casos graves, a empresa precisa substituir aquele funcionário ou a equipe ficará sobrecarregada. Tudo isso gera tempo e esforço, não é mesmo? Diante deste cenário, muitas organizações acreditam que a situação é inevitável. Porém, como psiquiatra e cofundador de uma empresa de saúde mental, posso dizer que é possível reduzir e, até mesmo, evitar esses gastos trabalhistas negativos e, sem dúvidas, exaustivos tanto para a liderança quanto para os colaboradores. Sabem como? Por meio de protocolos, estratégias e programas de saúde mental dentro das empresas. Ah, e isso não é luxo, é necessidade! E por isso, deve ser incluída no orçamento das empresas. O mais incrível é que, além de promover um ambiente corporativo mentalmente saudável, o investimento em programas de saúde mental pode gerar um retorno muito positivo financeiramente. Isso é nítido, mas também demonstrado em uma pesquisa da Harvard Business Review, que apontou que o ROI (retorno sobre o investimento) da saúde mental dentro das empresas é de R$ 3,68 para toda a equipe e de R$ 6,30 para os gestores. Isso significa que, para cada R$ 1,00 investido nesses programas, a empresa pode obter um retorno financeiro de R$ 3,68. No entanto, quero destacar que o ROI não deve ser o principal ponto analisado em um programa de saúde mental, apesar de ser um indicador muito potente. As empresas precisam ter como prioridade o bem-estar de toda a equipe, incluindo a liderança. E, então, colherão resultados financeiros. A orientação é que os problemas de saúde mental devem ser detectados precocemente e não serem normalizados. O treinamento das lideranças para identificar, acolher e orientar as equipes, a prontidão no cuidado e a gestão das crises são fundamentais para a construção e manutenção de um ambiente mentalmente saudável. Com isso, quero destacar que todas as ações que uma empresa planeja executar para ajudar um colaborador com sofrimento emocional precisam ser realizadas em conjunto com uma equipe de profissionais especializados, como psiquiatras e psicólogos. Junto com ao time empresarial, estes profissionais poderão analisar quais ações são mais urgentes ou indicadas para promover um ambiente mentalmente saudável, sempre garantindo a confidencialidade de cada caso, é claro. Finalizo declarando que os cuidados com a saúde mental não devem ser só uma etapa, mas uma prática diária. O verdadeiro sucesso é ser feliz e estar bem consigo mesmo em primeiro lugar. Só assim seremos mais saudáveis para nós, para o próximo e em todos os lugares em que estivermos. Arthur Guerra é psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental Fonte: Valor Econômico – Carreira

Janeiro Branco: 73% dos trabalhadores veem medo de julgamento como barreira para buscar tratamento

Janeiro está chegando ao fim e com ele a campanha “Janeiro Branco”, movimento criado para conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental. E tirar o estigma do tema nunca foi tão importante. Isso porque, apesar de cada mais empresas falarem abertamente sobre saúde mental e criarem iniciativas sobre o assunto, 73% dos trabalhadores afirmam que o medo do julgamento e da discriminação é a principal barreira para não procurar ajuda profissional. Pelo menos é isso que aponta uma nova pesquisa da Caliandra Saúde Mental, empresa especializada em criar programas corporativos de saúde mental, que ouviu 333 pessoas. O tabu em torno da saúde mental e o sentimento de vergonha ou insegurança foi apontado por outros 70% dos profissionais como entrave para que pessoas com transtornos mentais busquem ajuda. “Muitos profissionais têm medo de falar sobre um sofrimento emocional com seu líder, com receio de que pensem que está fazendo corpo mole ou apenas justificar uma possível queda na produtividade. É preciso romper essa barreira e isso deve começar com o apoio dos líderes”, diz Arthur Guerra, médico psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental. Estresse e esgotamento: os vilões da saúde mental no trabalho Entre os desafios relacionados ao campo da saúde mental que mais impactam no trabalho estão o desgaste, cansaço e estresse, representando 49% das respostas, sendo que as alterações de humor e falta de comunicação assertiva vêm logo na sequência com 22% e 10%, respectivamente. As descobertas estão em linha com outros estudos que mostram o papel que o trabalho desempenha na piora ou mesmo estímulo de doenças mentais nos trabalhadores. Não à toa, há exatamente um ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a classificação do burnout, definindo-a como uma doença ocupacional. “O trabalho ao mesmo tempo que pode ser fonte de estresse e tensão, em alguns casos também auxilia alguns indivíduos a manter a saúde mental. Há quem, quando fica ocioso, fica mais vulnerável. Mas, para isso é preciso ter as condições adequadas, sem cobranças exageradas ou líderes tóxicos”, afirma Guerra. O especialista comenta que fornecer um ambiente de trabalho saudável é importante também para aquelas empresas que estão preocupadas com ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa).  “Não cabe às empresas diagnosticar ou tratar os funcionários, mas, além de fornecer um ambiente que não contribua com o desenvolvimento de questões emocionais, é preciso possuir uma estrutura para apoiar os funcionários e orientá-los a buscar ajuda. Tudo isso está muito conectado com a responsabilidade social do ESG”, diz. E, apesar dos pontos de atenção, a pesquisa também apontou que mais pessoas estão interessadas em saber mais sobre saúde mental. Isso porque 39% dos entrevistados disseram que esperam aprofundar seu conhecimento sobre saúde mental e outros 13% querem aprender a identificar o sofrimento emocional. Qual é o significado de Janeiro Branco? Desde 2014, no primeiro mês do ano acontece o Janeiro Branco, movimento criado para conscientizar a sociedade sobre a importândia da saúde mental. Coordenada pelo Instituto Janeiro Branco, a campanha de 2023 tem como tema “A vida pele equilíbrio“, alertando a importância de encontrar harmonia entre todas as facetas da vida. Fonte: Exame